Macau fez “diplomacia gastronómica” no Kavala Fresk Feastival, que decorreu na cidade do Mindelo, em Cabo Verde. A representar a região com pratos típicos macaenses esteve um chef do IFT, que voltou encantado com o peixe e promete mais intercâmbio culinário já em Outubro.
Vítor Quintã
David Wong Yuk Shan, chef do Restaurante-Escola do Instituto de Formação Turística (IFT), esteve no fim-de-semana passado a representar Macau em Cabo Verde. O professor preparou pratos típicos macaenses durante a sexta edição do Kavala Fresk Feastival, descrito pela organização como o maior evento gastronómico da costa ocidental de África.
Mas para o chef, a melhor parte da visita ao arquipélago aconteceu logo no primeiro dia, com a ida ao mercado de peixe fresco da cidade do Mindelo, conhecido por Pelourim d’Pexe. “Nunca tinha visto nada assim”, confessou David Wong ao PONTO FINAL, “o atum é fantástico, a cavala, claro, e têm ainda lagostas enormes”. O mais surpreendente, no entanto, foi “o preço. É tudo tão barato aqui, naturalmente”, explicou o também fundador da Associação Culinária de Macau.
O passo seguinte foi levar o peixe e o marisco para a cozinha e usar os produtos locais para preparar comida típica macaense, explica David Wong, usando apenas especiarias trazidas de Macau, mas em alguns casos típicas da Malásia e do Japão. O chef aproveitou para usar não apenas o atum, que é abundante nas águas de Cabo Verde, e a cavala, o ponto principal do festival, mas também o búzio e percebes, que são difíceis de encontrar em Macau e quando estão disponíveis é a preços proibitivos.
O desafio lançado pela organização aos cinco chefs convidados de Macau, Marrocos e Índia na noite de quinta-feira passada era digno de um programa de televisão: preparar 150 pratos para os 150 convidados do Show Cooking “Diplomacia Gastronómica”, que pela segunda vez marcou o início do festival. “Foi uma experiência bastante incrível, em que cada um dos chefes fez pratos muito diferentes”, diz David Wong, “e a resposta das pessoas foi muito positiva”.
Cavala o dia todo
No dia seguinte o professor do IFT participou com os colegas estrangeiros numa demonstração para chefs locais. Mas tudo isto foi na verdade apenas um aperitivo para sábado, o dia principal do festival, em que 51 restaurantes da ilha de São Vicente montaram barracas ao longo da Avenida Marginal do Mindelo para aquele que a organização chama mesmo de “o maior evento gastronómico da costa ocidental de África”. A empresa organizadora, Mariventos, disse à imprensa local que esperava ultrapassar o recorde de visitantes registado no ano passado, 41 mil pessoas.
Uma delas foi David Wong, que tirou o avental para ser júri da competição do festival. “Cada restaurante – e estamos a falar de 35 restaurantes que participaram – tinha de cozinhar um prato de cavala”, explica o chef. “Tivémos de ir a cada um deles provar e, como tal, podem imaginar quanta cavala provámos. Demorou quase o dia todo”, recorda o também especialista em vinhos.
Além de peixe fresco cozinhado de todas as formas e para todos os gostos, o festival incluiu ainda espectáculos de música, peças de teatro, workshops, exposições, moda e desporto. “Foi muito bom”, admite David Wong. Só as competições náuticas e os passeios de barcos com música ao vivo incluída é que tiveram de ser cancelados devido ao forte vento que se fez sentir no Mindelo, diz a imprensa local.
David Wong e os chefs de Marrocos e Índia passaram ainda pela capital Praia, na ilha de Santiago, onde apresentaram a comida dos seus países e regiões de origem, antes de deixar o arquipélago. Mas o chef já tem saudades e revelou que há planos para acolher no IFT uma actividade de promoção da gastronomia de Cabo Verde em Outubro. O evento deverá ter o apoio do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Aliás, explicou David Wong, a ida a África aconteceu graças a um convite de Nuno Furtado, delegado de Cabo Verde no Fórum Macau.